lunes, 9 de mayo de 2011

John Fogerty: carta a um amigo


Fogerty em BH, no último sábado - Crédito Gualter Naves/Divulgação

Federico, foi inevitável não me lembrar de você neste último sábado. Imaginei seu sorriso de criança ao ver John Fogerty surgir no palco com a voz rasgada e a camisa xadrez. Uma pena você não estar aqui em BH...

Nas quase duas horas de show, pensei em como você ficaria feliz ao ver seu ídolo ao vivo, meu amigo. John abriu a noite com Hey tonight, e aqueles fins de tarde no Domus, quando você tocava sua bela guitarra e berrava para aliviar a tensão que a cidade grande insiste em colocar nas suas costas, vieram-me à cabeça e me encheram o peito.

Em menos de trinta minutos no palco, Fogerty já havia tocado com quatro guitarras diferentes. Não tenho dúvidas de que você ficaria encantado com a Gibson dourada. Quando fomos ao show do Bob Dylan, que sequer deu boa noite para o público, você me disse: “Se um dia você vir John Fogerty ao vivo, verá o que é um show!”. Você estava certo – apesar de até hoje eu não sentir falta do “boa noite” de Dylan naquela linda noite de 2008, quando o verão portenho já dava seus ares finais. John Fogerty sabe mesmo fazer um show, é certo. E a banda dele é sensacional, tem até um guitarrista gordinho com pinta de metaleiro que lembra Quique, o gordito.

Fogerty pulava como um menino no palco, corria de um lado para o outro. Conversou com a platéia, se divertiu e mostrou que a voz continua inconfundível. Você ficaria extasiado ao vê-lo tocar Midnight special, Cottom fields, Born on the bayou, Traveling band e Proud Mary. Se emocionaria, com a discrição que lhe é peculiar, ouvindo Long as i can see the light. I heard through the grapevine dispensa comentários. Para sorte de quem ali estava, John ainda tocou alguns clássicos: Blue suede shoes, Good golly miss Molly e Oh, Pretty Woman. Que grande show de rock!

Ao ler essa carta, meu amigo Fede, pegue a guitarra, feche os olhos, prepare a voz e imagine-se tocando ao lado de John Fogerty. Exatamente como você fazia em Rauch, quando, naquele momento, nada mais importava, a não ser o bom e velho rock and roll e a beleza de poder sonhar.
 
Texto originalmente publicado no site da Revista Ragga.

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