jueves, 18 de febrero de 2010

Todo carnaval tem seu fim

Texto que publiquei no blog da Ragga.
Link: http://www.dzai.com.br/revistaragga/blog/daredacao

 Há muito se diz que o ano e o Brasil só começam a funcionar de fato depois do carnaval, essa festa que agita o país de norte a sul, que é a redenção ou o ópio do povo. Com o fim de mais uma folia, o brasileiro terá pela frente um ano de eleições presidenciais, além de também elegermos governadores, deputados estaduais e federais e senadores. Cuidado para a ressaca do carnaval não durar todo o ano. Nem só de folia vive um país.

Num lado mais ameno e menos sério que a política - o assunto política é sério, ainda que a maioria dos políticos não o sejam -, 2010 também é ano de Copa do Mundo, aquele outro carnaval que acontece de 4 em 4 anos. A seleção canarinho tentará mais um título mundial, o que seria o hexacampeonato do escrete que já encantou o mundo e hoje alegra mais os patrocinadores do que os boleiros. Daqui vamos ver o torneio como mais um motivo para fazer festa, beber e tentar afirmar, ainda que involuntariamente em muitos casos, patriotismo e sentimento nacionalista. Sim, durante a Copa do Mundo o brasileiro é invadido por sentimentos pela nação, pela bandeira e pelas nossas cores. E depois da competição? A história é diferente?

Claro está, na minha opinião, que cada cidadão deve assumir sua parcela de responsabilidade e não só se preocupar em jogar a batata assando para o outro. A mudança tem que partir de cada um. Se não for assim, vamos continuar a excomungar, como se trouxéssemos a cartilha da moralidade e da ética debaixo das axilas, os políticos que desviam verba e, ao mesmo tempo, continuamos a estacionar o carro em local proibido, jogar lixo pela janela ou tentar dar um "jeitinho brasileiro" - leia-se corrupção, malandragem no pior sentido da palavra - na hora de resolver alguma burocracia.

O carnaval foi bom para você que viajou, foi para a praia ou para Diamantina? Foi bom para você que ficou com em Belo Horizonte trabalhando? Foi bom para você que não fez absolutamente nada? Se foi bom, ótimo. Caso contrário, não esquente a cabeça: carnaval não é a coisa mais importante do mundo, todo ano tem. 

E já que estamos em ano de eleição, não trate seu voto como uma latinha de cerveja que você bebe euforicamente e depois joga no chão esperando que algum necessitado a recolha. Não confunda folia com eleição, com o futuro do país. Caso contrário, você vai ser sempre tratado como o palhaço do bloco dos alegres e alienados ou como aquele folião joão-bobo que cai pra lá e pra cá sem saber onde está.