domingo, 28 de diciembre de 2008

As mesmas velhas e conhecidas sensações

Belo Horizonte. De volta ao meu quarto, bagunçado e inundado por roupas, livros e discos que, invariável e indiscutivelmente, me remetem ao meu lar de outrora. Escuto Dylan e tomo cerveja. Algumas coisas nunca mudam.

* Não esqueci de contar minha passagem por Cusco e Machupicchu. Não esqueci, ainda...

Belo Horizonte
28/12/2008

jueves, 18 de diciembre de 2008

And in the end...

Cheguei em Buenos Aires nesta última segunda-feira. Estou me despedindo desta cidade que foi minha casa durante um ano e três meses e dos bons amigos que fiz. Agora é só comprar passagem (vou olhar isso agora!!) e voltar a subir Bahia e descer Floresta. Ainda tenho que contar algo sobre Cusco e Machupicchu, mas vai ficar pra depois.

Buenos Aires
18/12/08

miércoles, 10 de diciembre de 2008

Minha Copacabana querida...

Às três da tarde do já citado vinte e nove de novembro, deixei La Paz e segui para Copacabana, minha última estação em Bolívia. Como o horário real de saída nunca coincide com o escrito no bilhete, nos atrasamos em meia hora, ou pouco mais. Para chegar em Copacabana é preciso, mais ou menos na metade do caminho, cruzar ao outro lado do Titicaca em um pequeno bote. O ônibus segue em um adequado e seguro bote o mesmo trajeto. Nos acomodamos para ter o primeiro contato com o lago. Um garoto falante, que deve ter três anos, estava, ao meu lado, sentado no colo do pai. Olhou-me, apontou e disse com espanto, como se não pudesse crer no que acabara de ver: Jesus! "Deus me livre! Eu tenho medo, morrer dependurado numa cruz". Voltamos ao ônibus para seguir viagem. Tínhamos mais uma hora e meia de estrada. Chegamos em perfeitas condições em Copacabana e fui logo procurar uma hospedagem. Consegui um quarto com vista para o Titicaca, no último andar do hotel (sem pintura mesmo, fachada de alegres e tranquilos tijolos), andar esse com um belo terraço, onde a vista era ainda melhor. Tudo isso por dez pesos bolivianos. Baratíssimo. Me instalei com a tranquilidade de um sábio chinês e fui comer um peixe frito em um bar a menos de cem metros da margem do poderoso lago. Voltei para casa, fumei um cigarro no terraço e me recolhi no quarto para ler e escrever um pouco. Mas, deste pequeno e cômodo quarto, comecei a escutar música. Como, se o rádio que tenho na cabeça estava desligado? Obviamente, vinha da rua. Interessado e curioso, fui conferir o que se passava. Era uma banda, com uniforme e tudo, dessas antigas que você vê no interior, no campo, tocando músicas folclóricas e dançando. Na quase uma hora em que estive acompanhando a banda, não havia luz na pequena, tranquila e muito turística Copacabana. Melhor assim, pois a luz das estrelas, nessa noite, eram mais fortes e vivas que a luz de mil postes juntos. Teto de estrelas, cada uma com seu nome. Eu era parte de uma espécie de procissão religiosa que acompanhava a música andante, com as estrelas me protegendo naquela escuridão confortante. Fui tomado por cócegas na alma, que me fizeram rir e suspirar. Expressões de ternura e felicidade por poder estar ali. Voltei para o hotel e dormi com um sorriso na boca. Dia seguinte, domingo de sol em Copacabana. Acordei tarde, ao meio-dia, e fui ao Mercado almoçar. Mais do mesmo: sopa e segundo prato. Até um pequeno e astuto mico foi levado por sua família para o almoço. Satisfeito, saí a caminhar. Caminhando por três quartos de hora lado a lado com o Titicaca, afastei-me de todos e, quando estava sozinho com as aves e o lago, sentei-me em uma grande pedra. Estive toda a tarde tirando fotos, escrevendo e falando sozinho. No caminho de volta, um cachorro acompanhou-me em mais da metade do percurso. Não sei o seu nome, ele não quis dizer. Nunca havia conhecido um cachorro tão calado! Pelo menos não se incomodou em ser meu modelo em um par de fotos. Voltei ao Mercado para fazer uma necessária merenda. Depois de uma breve caminhada, eu já estava no terraço do hotel. À minha frente, o sol, displiscente, escondia-se por detrás das montanhas. O Titicaca completava meu quadro. Esse foi, seguramente, o entardecer mais laranja que eu vi com esses meus olhos de papel. Às minhas costas, montanhas de veludo. Deitei meu simples e ordinário corpo na cama para fumar um cigarro e ler. Gracias por presentarme a Arlt. E falar sozinho também. Mais tarde, fui ao Mercado comer minhas queridas refeições e voltei para casa. Naquela triste e generosa cama, comecei a pensar de forma nostálgica e melancólica até que me desse sono e meus olhos se fechassem sem que eu pudesse reagir com um mínino e inútil esforço bestial. Segunda-feira, primeiro dia do último mês deste dois mil e oito de inúmeros câmbios. Costumeiro almoço no Mercado para depois fazer o passeio pela Isla del Sol. Valeu a pena. Cheguei em Copacabana a tempo de ver, pela última vez, o sol se esconder preguiçosamente. Fui jantar (sim, lá mesmo) e voltei ao quarto, onde havia sonhado nas duas noites anteriores, para arrumar minhas tralhas e dormir cedo. No dia seguinte, às oito e meia, deixei minha querida Copacabana, cruzei a fronteira e fui para Cusco. A aventura ganhava ares de capítulos finais.
* Texto finalizado em Cusco - Perú
04/12/08

martes, 9 de diciembre de 2008

Na margem do lago Titicaca sentei e chorei

Sentado numa pedra da minha altura e bem gorda, tirando fotos tendo o lago Titicaca à minha frente, como um quadro que nem o pintor mais atrevido ousou pintar. Estou bem perto de onde a água, depois de muito percorrer, vem benzer com o último beijo essas pedras tão vivas como eu. Fecho os olhos. Escuto o lago cantar. Vejo um barco com três pessoas. Estão perto, posso ver seus rostos. Neste pequeno barco de madeira estão Seu Jair e Seu Milton. O terceiro é o outro Jair, meu cumpadre. Eles jogam cartas. Caixeta, creio. Seu Milton e Seu Jair usam chapéu. O cumpadre, sorrindo feito criança brincando de roda, tem posto uma camisa azul com cinco estrelas no peito. Estão tão lindos e felizes! Gritei e acenei; me devolveram o cumprimento. Não sei por quê cargas d`água, talvez por duvidar da realidade dos fatos, abri os olhos numa pressa olímpica, para que nada me escapasse à vista. Vi, lá no fundo, quase sumindo naquele azul cor de infinito paraíso, o pequeno barco com os três. E, chorando, nos acenamos pela última vez.

Copacabana - Bolívia
30/11/08

Minha Viola (Raul Varella Seixas)

Eu tenho uma viola
que canta assim
Minha dor ela consola
Quando eu saí do meu sertão
Não tinha nada de meu
A não ser esta viola
Que foi meu pai quem me deu
E pelo mundo eu vou andando
Subo monte, desço serra
Minha viola vou tocando
relembrando a minha terra
E quando a tarde vai morrendo
vou pegando minha viola
Se estou triste e sofrendo
ela é quem me consola
Cada nota é um gemido
Cada gemido é uma saudade
De saudade estou perdido
viola, nessa eterna "solidade"
De saudade estou perdido
viola, nessa eterna "solidade"
E nesse sertão dos meus amores
quando me ponho a tocar
Emudecem seus cantores
para nos ouvir cantar
Canta a minha alegria
canta para eu não chorar
Entrarei no céu contigo
quando minha hora chegar.

domingo, 7 de diciembre de 2008

Voltemos à casa, companheiro Bruno...

Ontem cheguei ao meu último destino desta viagem: Machupicchu. Hoje, domingo de sol tímido e vento frio aqui em Cusco, começo a procurar passagens para voltar à casa. Fico aqui mais uns dois dias e desço até Buenos Aires, onde ainda tenho minhas coisas e minha vida. Bom... depois escrevo, como prometido, algo sobre meus três dias em Copacabana e minha passagem por Cusco e Machupicchu.
Cusco - Perú
07/12/08

miércoles, 3 de diciembre de 2008

Deus existe e é boliviano ?

Cheguei em La Paz depois de nove horas e meia de viagem. Desta vez, em estrada asfaltada. No ônibus, ao meu lado, estava uma senhora muito espaçosa. Queria dormir como se estivesse em sua cama. Ah, isso me irritou bastante! Minha alma tremia de raiva toda vez que eu olhava de rabo-de-olho aquele pedaço de gente esparramado ao meu lado. Mas como sou um homem moderno e civilizado, eu ria. Ria e apertava minha testa, segurando-me para não dar-lhe uma leve cotovelada e perguntar, com sorriso com raios de simpatia, se ela não queria as duas poltronas. Para desfrutar de tanto espaço assim, deve ser solteira. Ou viúva. Cinco e meia: fui ao hostel que me indicaram. Lotado. Agora, como não me resta outra, estou na Praça Presidente Murillo, esperando o tempo passar. Seis policias estão próximos a mim. Dois jogam cartas. Um deles usa um gorro com o desenho de uma folha de Cannabis. (Mais tarde ele trocou por um boné com a sigla UTOP). Há muitos pombos, parece até a Plaza de Mayo. São seis e meia. Vou esperar uma hora mais e voltar ao hostel, porque sei que não está lotado. O camarada nao quis "aceitar" ninguém naquele horário. Por preguiça, pelo horário um pouco suspeito, sei lá... Está um pouco frio. Não tenho cigarros e estou com muita preguiça de ir comprar, mesmo porque deve estar tudo fechado. Sinto um leve incômodo nas minhas costas. Quero dormir. Que seja logo...
La Paz - Bolívia
26/11/08
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Dito e feito: voltei ao hostel e consegui um quarto com o preço que eu estava disposto a pagar. Gostei muito do lugar. Grande, com uns quarenta quartos. Parece um prédio, com um pátio central que se comunica com todas as partes e andares deste lugar. Conzinhei algo e, ali mesmo na cozinha, conversei com dois franceses que seriam meus companheiros de todas as horas nos meus dias em La Paz. Chloé, uma francesa com um sorriso espontâneo, aberto como o céu, e Simon, um camarada de humor leve e divertido. Neste mesmo dia, nos encontramos por acaso no centro e saímos a caminhar. La Paz é maior que eu imaginava. Uma bagunça danada! Se escuta tanta buzina que já se acostuma, já faz parte do ar. Você se lembra dos "perueiros" que certa época invadiram o centro de Belo Horizonte? Aqui está cheio deles e gritam o nome dos bairros da mesma forma que os de BH gritavam. Bem rápido, alguns arriscam um ritmo mais ousado, por vezes engraçado. Me acostumei com a grandeza de La Paz e gostei muito da cidade. No outro dia acordamos, caminhamos um pouco e fomos almoçar no Mercado Popular. Um belo prato com arroz, bife ou milanesa, salada, batata frita e banana frita. Tudo isso por sete pesos bolivianos. Bem barato, não ? (Queridos compatriotas, aproveitem que Bolívia é tão barato e o Real vale quase 2.80 aqui, e venham conhecer essa maravilha de país. Não acreditem naquela conversa pra doi dormir de que Deus é brasileiro e fez todas as maravilhas por nossas terras.) Estava gostoso, tanto que no outro dia repetimos a dose no almoço. Mas o melhor de tudo foi encontrar lugares onde podíamos jantar por inacreditáveis 3,50 pesos bolivianos. Uma sopa como entrada e, de segundo prato, arroz, uma carne à escolha, salada e batata frita. Perfeito! Éramos sempre os únicos turistas nesses restaurantes. Muito legal comer onde comem os que são daqui ou aqui vivem. Lugar de turista é muito chato! E caro. Os franceses, mesmo estando com euros, não têm frescura e até preferem comer nesse tipo de local. Eu também. Não pense você que eram lugares caindo aos pedaços. Então para almoçar íamos ao Mercado, e para jantar, escolhíamos um restaurante onde podíamos degustar deliciosas comidas por um preço quase inacreditável. Foi muito bom conhecer Chloé e Simon, me senti à vontade com eles, como se os conhecesse desde criança e tivéssemos intimidade para fazer piadas sem graça ou dizer coisas que não se diz à uma pessoa que se acaba de conhecer. Na última noite em La Paz, vinte e oito de novembro, aniversário de minha querida irmã Daniela, saímos para jogar sinuca perto de onde estávamos "parados". Um bar com dez mesas. Ao lado da nossa, uns doze amigos tomavam ron com coca-cola, mascavam coca e se divertiam como crianças. Jogar sinuca parece que era o de menos, o bom mesmo era sacanear o outro e esquecer dos problemas. Nós éramos os únicos "de fora"; Cholé, a única mulher. Nossos vizinhos de mesa nos ofereceram ron com coca-cola. Un poquito no más, gracias. Folha de coca também. Ah, muy amable, gracias. Tiramos foto juntos, nos deram boas vindas e votos de sucesso e boa viagem. Foram muito simpáticos, um até tinha os olhos rasos d'água quando veio falar comigo. Somos feios mas não somos maus, disse com ternura espantosa. Os bolivianos sofrem muito preconceito, são chamados de atrasados, de índios bobos, burros e mal-educados. Ó, Senhor, perdoai tanta ignorância! Eles não sabem o que falam! Jogamos uma hora de sinuca, entre gargalhadas pelas péssimas jogadas e lances engraçados. Depois fomos à uma festa em um local que já conhecíamos. Uma festa boliviana, com música boliviana, com gente boliviana. Um senhor que animava o baile gritou com seu poderoso microfone: Viva França! Viva Brasil! Alguém lhe disse que estávamos ali. Acho que foi José, um camarada que gostou muito de nós três. Dançamos, tomamos cerveja quente e nos divertimos o suficiente para estarmos cansados e felizes. Na manhã daquele vinte e nove de novembro, um sábado com um sol tímido, quase não querendo dar as caras, eu, Chloé e Simon fomos almoçar nos nossos queridos restaurantes. Satisfeitos, nos despedimos com fortes abraços e com promessa de nos vermos em Buenos Aires, já que vamos estar em terras portenhas na mesma semana.
Foi lindo ver as mulheres, com pele de barro marcada pelo sol e pela vida dura, levando suas crias enroladas em mantas nas costas. Vestidas como quem vai para uma Festa Junina, com chapéu e lindas tranças. Foi muito bom estar com toda esta gente. Comendo nos restaurantes populares, dançando, conversando ao pé do ouvido, mascando coca juntos. Que Bolívia é um país muito pobre, com condições precárias, não é novidade pra ninguém. Pedaços de carne expostos ao sol e aos mosquistos são vendidos nos mercados e na rua. Sucos com bolsa plástica e canudinho. Encontrar refrigerante ou água gelados é uma dificuldade homérica. Geladeira gasta muita energia. Mas quê importa? Bolívia é muito mais que isso. É muito mais do que a imagem estúpida que pintam deste país e de seu povo. É muito mais que esse esteriótipo imbecil... Eu convido você a conhecer esse país fantástico. Se você não gostar, procure um médico. Te quiero mucho, Bolivia...
La Paz - Bolívia
29/11/08
* Deixei La Paz e fui para Copacabana. Gostei demais, lugar lindo! Gosto mais da Copacabana boliviana do que da Princesinha do Mar, tão cantada pela bossa-nova e endeusada pelas novelas da Globo. E que os brasileiros chauvinistas não me joguem pedras... Depois escrevo algo sobre minha estada em Copacabana para os poucos, porém nobres, leitores deste espaço.

lunes, 1 de diciembre de 2008

Hasta luego, Argentina

Desci em Humahuaca, conversei com um senhor sobre música (eu disse que não gosto de Roberto Carlos e ele achou ruim, quis saber o motivo). Nos despedimos e peguei o ônibus que dizia La Quiaca, cidade que faz fronteira com Villazón, já no lado boliviano. Cheguei à noite, não me lembro exatamente o horário, mas se tivesse que, por força de tortura, precisar um horário, diria que foi às oito e meia. Me instalei e fui logo comprar algo para cozinhar. Comi como alguém que não comia há uma semana, conversei com dois camaradas de La Plata e fui dormir leve como uma cortina de fumaça. Sexta-feira, vinte e um de novembro do corrente ano. Acordei cedo para cruzar a fronteira. De onde eu estava hospedado, dez minutos caminhando e já me encontraria na divisa entre Argentina e Bolívia. Do lado argentino, uma pequena fila. Paguei a multa de cinquenta pesos devido ao visto vencido. Tudo resolvido. Em Villazón, lado boliviano, formulário preenchido, passaporte carimbado. "Tem que ser selado, registrado, carimbado, avaliado, rotulado, se quiser voar". Me falaram que pode-se comprar celulares, câmeras e filmadoras digitais, tênis e até uma alma. Otimos preços! Eu não quis nem saber, estive o tempo de esperar o ônibus que me deixaria em Tupiza. Tampouco tenho dinheiro comprar essas parafernálias. Três horas de viagem em estrada de terra. Quatro lindos bebês se organizaram e fizeram um coro de choro, com direito a solos de fazer inveja a qualquer tenor. O concerto durou pouco. Cheguei em Tupiza, cidade tranquila, pequena. Consegui um bom e barato lugar. Cozinhei. Saí para dar uma volta e, por pura casualidade, encontrei os dois camaradas de La Plata. Jogamos conversa fora, tomamos duas cervejas. Voltei para casa, li um pouco o livro Los Lanzallamas, do impressionante escritor argentino Roberto Arlt, e dormi. Dia seguinte, ônibus para Uyuni às dez da manhã. Seis horas de estrada. De terra. As serras bolivianas davam o contorno à minha paisagem. Serras onde em outubro de 67 capturaram e fuzilaram Ernesto Guevara de la Serna. Naquele nove de outubro, o general do Exército Boliviano e futuro presidente ditador, René Barrientos, fortemente apoiado econômica e militarmente pelos Estados Unidos, deu ordem para assassinar Che. Desgraçadamente, há quem bata palma para Barrientos e os yankees. Cheguei em Uyuni às quatro da tarde e, como rotina, saí a buscar onde poder dormir. Me instalei e fui comer alguma coisa, ver o movimento da cidade. À noite, chequei notícias, e-mails... Bati um papo com meu amigo Gustavo e fui dormir, depois de ler algumas infelizes páginas, como um bebê inocente, que nem desconfia da hostilidade que habita o nosso mundo. No dia seguinte, domingo vinte e três de novembro, céu de anil, fui conhecer o Salar de Uyuni, o famoso deserto de sal. Um passeio com guia, almoço e uma paisagem que não acaba mais. São doze mil metros quadrados de deserto. Incrível! Nem vou me atrever a escrever algo sobre esse lugar. Será pouco. Fim de passeio, hora de pegar o ônibus, às oito da noite. Destino: Potosí. Às duas da madrugada, cansado depois de seis horas de viagem - sim, em estrada de terra, cheguei em Potosí, cidade a 4.060m acima do nível do mar. A altitude incomoda bastante. Tá na hora de mascar folha de coca! Eu tive asma quando pequeno, assim como Che. A minha era mais amena que a dele. Busquei qualquer lugar, desses baratos, só para cair em sono profundo. Acordei nesta segunda-feira decretando feriado e procurando um outro lugar para "morar". Encontrei um legal e com bom preço, com bastante gente para conversar e trocar idéias. Gostei da cozinha. Saí para comprar alguns ingredientes para meu macarrão. De barriga cheia, fui caminhar pelo centro. Subir, ofegante, as ruas de Potosí. Quando eu subia e me faltava o ar nosso de cada dia, eu pensava no cigarro, mas depois me lembrava da altitude e ficava bem aliviado. Fumantes são mestres em arrumar desculpas. No mirante, brinquei com seis crianças de jogar avião de papel. Agora, no café deste mesmo mirante, tendo o pôr-do-sol como confidente, tomo meu chocolate com leite. Fumo um cigarro com muito prazer e escrevo estas linhas, ainda com dúvidas se amanhã vou para La Paz.
Potosí - Bolivia
24/11/08
* Por fim, fui para La Paz na terça, vinte e cinco de novembro. Antes, com uma argentina, Paula, e Uli, um companheiro alemão que esteve uns dias em BH e achou a cidade insegura e violenta, fui conhecer, nas redondezas de Potosí, o lago Ojo del Inca. Voltamos e cozinhamos uma bela comida juntos. à noite, pus todos os meus personagens de/em acordo e, assim, pude viajar sossegado.