martes, 11 de noviembre de 2008

É só o início, companheiro Bruno...

(Ainda em Buenos Aires, dia 10/11...) Saímos com vinte minutos de atraso. Exatamente às onze da manhã o trem começou a percorrer os primeiros quilômetros rumo a Tucumán. Buenos Aires vai ficando pra trás, cada vez mais, bem lá no fundo. Tenho uma poltrona ao meu lado e duas à minha frente, parecido com alguns ônibus de Belo Horizonte, quando ou você olha para a rua, para o chão ou para a pessoa que está à sua frente. Nunca gostei de sentar-me nessas condições. No meu caso, as três pessoas são, suponho, da mesma família. Por vezes se acercam para cochichar algo que, parece, não lhes é conveniente que eu escute. Só olho de rabo-de-olho. Parecem gente humilde. "Tem certos dias em que eu penso em minha gente e sinto assim todo o meu peito se apertar". Eles são de Santiago del Estero, província do norte argentino, perguntei para um deles. O mais velho lembra meu avô. Pele cor de picolé de côco queimado, pele de gente do campo, assim como tinha Seu Jair.
Quase não dormi na noite passada. Músicas de Bob Dylan tocaram sem parar no rádio que eu tenho na minha cabeça, por isso não preciso usar iPod, mp4 e todas essas parafernalhas. Tiro um breve cochilo. De boca aberta. Passagens, por favor! Me desperto com o grito do funcionário. Tenho um pouco de fome e como a metade do meu sanduíche de milanesa. Começo a espirrar sem parar e meu nariz a escorrer, o que muito me incomoda e irrita. Da janela bastante empoeirada vejo tudo ficando para trás. Pequenas casas de campo, pasto, algumas simpáticas vacas. Baixem a persiana, por favor, diz o funcionário da Ferrocentral. Uma breve pausa em Villa Constituición. Saludos a Nazareno! Próxima parada: Rosário, cidade onde nasceu meu amigo Che. Poderei descer e fumar um cigarro. O vagão está lotado. Muitas famílias. Crianças tomam refrigerante e fazem trilhões de perguntas aos seus respectivos pais. Poucas sabem responder os adultos. Somos tão tolos! Legal mesmo é ser criança. Cansei de escrever com o chacoalhar do trem. Vou fechar os olhos e, quem sabe, cair em sono lindo e profundo. Hey, Dylan, toque uma canção para mim...

* Depois de 25 horas de cansativa viagem, cheguei a Tucumán, mais precisamente à capital, San Miguel de Tucumán, ao meio-dia. Cabelo sujo, pele melosa. Uma ducha de trinta minutos, uma sessão de massagem de uma hora com suco bem gelado de abacaxi e hortelã, pode ser? Pedi fogo à uma garota, começamos a conversar. Ela, que é de Buenos Aires, contou-me que seu destino é Cuba. Dividimos o táxi até o centro, nos despedimos e desejei-lhe sorte na viagem. No centro, procurei um hostel e me instalei. Fico aqui uma noite, amanhã sigo para Tafí del Valle, aqui pertinho. Tá um calor infernal! Vou dar uma volta pela praça, a noite está linda. Hoje é aniversário de minha irmã. Parabéns, Maíra !!! Felicidade, paz e amor hoje e sempre!! Sinta-se abraçada e beijada daqui de longe...


San Miguel de Tucumán (capital da Província de Tucumán) - Argentina
11/11/2008

1 comentario:

Maíra Vasconcelos dijo...

Aêeeeeeeeeeeeeeeeee.... :)
adorei a citação !!!!

... "e a estrada vai além do que se vê"....