Ontem, na fila para entrar na geral do Mineirão, vi, ao meu lado, um garoto vestido humildemente com um casaco de fina lã. Eu poderia arriscar que ele tem 11 anos. O menino estava com seu pai e lembrava um certo Bituca na infância de Três Pontas. Um olhar assustado, desnorteado e inseguro inundava seus olhos cor de jabuticaba. O Mineirão, já do lado de fora, estava lotado. Todos cantando o hino do Cruzeiro, prevendo resultados... E lá estava o menino, com as mãos de seu pai nos ombros para dar-lhe conforto e tranquilidade, olhando para tudo e todos como quem vê uma grande novidade. Ele tinha os olhos esbugalhados, disso eu me lembro bem. Não resisti e lhe perguntei se era a primeira vez que ia ao Gigante da Pampulha. Tímido, me disse que sim. Quer dizer, ele não falou nada, só balançou a cabeça. E ainda é aniversário dele, disse o pai, orgulhoso. Se a mãe souber que estamos aqui, ela vai me matar, emendou o patriarca, com sorriso moleque, feliz em fazer uma travessura que ele e seu filho nunca mais se esquecerão. Eu fiquei feliz demais! Qual é o seu nome, perguntei, eufórico. Era Pedro Henrique. Lhe dei os parabéns como se fosse meu grande amigo, enchi o peito e proclamei para Belo Horizonte escutar: "Essa vitória de hoje é para o Pedro Henrique!" Ele sorriu, e vi, no fundo dos seus esbugalhados olhos, que sua alma tremia de felicidade e ansiedade. Passamos pela catraca e nos perdemos. Não os vi mais. O Cruzeiro ganhou a partida por 2 a 1 e, quando o juiz apitou o final do jogo, uma vontade de abraçar pai e filho me veio como um soco surdo no peito...
Belo Horizonte
28/05/09
Belo Horizonte
28/05/09